DA LITURGIA DO SILÊNCIO
Muitas vezes
o silêncio rouba-me a voz
e convida-me a deitar
no leito das suas palavras
E sob lençóis
umedecidos,
com a saliva dos
emudecidos
me seduz,
me conduz
além
do recato da minha nudez,
pela volúpia da sua mudez
e de tal forma
me desnuda
me excita,
me incita,
ao orgasmo
que não precisa
ser dito,
talvez nem sentido,
ou libido
tenha de ter
apenas
saber que o silêncio,
em verdade,
é a expressão mais
litúrgica
daquilo
que a alma
nos destina a ser.