LAMENTO

Quando eu me for

será tarde demais.

Restará um arrependimento latente

camuflado pelo adeus.

Um beijo engavetado,

abraço enclausurado,

elogio represado,

um perdão postergado.

No futuro invisível,

indivisível,

o amor agoniza

agora

e se conserva

no formol

da sua tardança.

no bemol

mudo,

desnudo

da inexistente dança.

E você nem sequer leu o poema que lhe fiz.

Amarelou-se com a pátina

do esquecimento

na face desdenhosa

que sua ausência-presença

me causou.

E nem sequer ouviu a música que lhe fiz,

tampouco cheirou as rosas que colhi só pra ti.

O tempo se foi

e com ele as reconciliações

e tudo mais

que um dia meu verso

poderia lhe dar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 22/12/2021
Código do texto: T7413168
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