TODAS AS PÁLPEBRAS FECHADAS

 

Sobre a mesa de vidro foi posto o mundo,

e dentro do mundo haviam não apenas seres vivos,

em verdade, fantasmas e sombras se seguravam nervosamente

à cabedais, à frechas interstícios e apêndices, queriam participar desse Quadro novo...

Ali também haviam seres rastejantes, não eram serpentes,

eram homens e mulheres que ainda não se lembravam de si mesmos...

Dentro do mundo haviam esferas e martelos, facas e cordas,

haviam rios e abismos revirados,

e uivos frios que formavam seu relevo...

O mundo era limitado por uma película como 

Um quê de bolha de sabão,

qualquer pequeno estresse a desfazia,

mas ele se segurava,

e os seres e pedras dentro dele, e os sonhos e pesadelos, o futuro e o presente,

tudo junto, o choro e o abandono, a promessa e a perfídia, tudo junto,

formavam nuvens indefinidas,

e estranhos pássaros de grandes olhos amarelos pintavam arco-íris de branco e preto, invertidos formando sorrisos desnutridos...

Então, sobre a mesa espelhada se postaram quatro mãos,

eram mãos secas e calejadas,

cheias de cicatrizes e de unhas curtas...

Orbitavam a mesa diamantada quatro olhos,

dois pequenos e dois grandes,

cada um como uma Lua Cheia,

ofereciam, inicialmente, todas as pálpebras fechadas...

 

👁️‍🗨️👁️‍🗨️

 

29/12/2016

 

Foto: 25.06.2016 { Y♥️D♥️G}

 

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Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 21/12/2021
Reeditado em 07/01/2023
Código do texto: T7412199
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