Se eu não tivesse medo

e se eu não tivesse medo

te levaria comigo

olhando nos teus olhos

te diria:

"vamos, contigo não tenho medo!"

vamos, se queres ir, amos!

mas olha aqui essas marcas

olha aqui o que fizeram comigo

veja como meus olhos são embaçados

veja como se esconde meu sorriso

veja como sou silencioso...

como pegar tua mão

tua mão distante, longe...

como pegar tua mão

tua inalcançável mão

tua desejável mão impossível

e te guiar

por entre esse caminho

que sempre me perco?

olha, eu não queria,

mas vou te falar,

ali por aquelas vias

há muita coisa escondida

e ficam em silencio

observando quem vai andando

as vezes eh possível vê-las,

furtivamente eh verdade,

se escondendo por entre as arvores...

eles são maus, muito maus...

como poderia te levar?

como te deixar ao alcance daqueles dedos?

se eu não tivesse medo,

te levaria comigo...

mas eu tenho medo,

não quero imaginar na possibilidade

de que se machuque,

não,

essas marcas deixa que eu as carrego,

são velhas conhecidas,

são como as sobras covardes entre as arvores,

não causam mais pavor,

não,

posso distinguir as nuances da dor

que elas podem causar...

eu queria querer sorrir

eu queria querer muito sorrir

viver como me indicas

mas não quero,

não tenho vontades,

hoje

o que realmente me suga

eh a ânsia de saber

o que me olha da escuridão,

entre as arvores da floresta

escusa,,,

não sei se até onde vou aguentar,

se vou cair em algum lugar

da via

mas vou entrar mais nela,

me perder em sua dimensão

vou porque não posso mais voltar

e quem sabe um dia saberei

por que entre esses seres

das sombras habita tanta solidão...

E o que possa te acontecer...?

03/06/2006

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 21/12/2021
Código do texto: T7412126
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