CHOVE LÁ FORA

Lentamente

a vida se desfaz dos açodamentos

e nos aprisiona

para contemplarmos

as lágrimas do tempo

nas muralhas envidraçadas

das casas encasteladas.

Alguns dirão

apenas que são chuvas,

outros farão tempestades

em seus corpos d'agua.

Incautos

que são,

desconhecem

os propósitos

das nuvens

que desaguam,

lavam asfaltos,

levam infaustos

impregnados

de uma pressa vazia

no túmulo, limbo do agora,

no cumulo-nimbus da hora.

Deixemo-as

no seu ritual de purificação,

No teto, o céu gris

convida cada alma

uma janela vis a vis

aos olhos molhados

enfadonhos,

de tanto perder a calma

e todo o tempo

na atmosfera cinzenta

de suas incessantes

tormentas,

a espera de uma bonança

que o tempo lá fora

um dia há de lhes dar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 12/12/2021
Código do texto: T7405924
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