Quadras e Trovas do Poeta Zé Bezerra de Carvalho
Zé Bezerra
JOSÉ BEZERRA DE CARVALHO nasceu em Ipueiras (CE), no dia 13-03-1927 (registrado como 1929).
Militar reformado da Polícia Militar do Piauí (PM-PI), Ministro Extraordinário da Eucaristia Comunitária, Agente Pastoral, Missionário Vicentino e poeta popular. Autor de vários livros e dezenas de folhetos em poesia popular sobre os mais diversos temas. Mantém uma vasta biblioteca de Literatura Popular. Pertence à União Brasileira de Escritores, secção do Piauí – UBE-PI.
Reside em Teresina (PI).
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Tens a beleza da rosa
Mas a rosa só te imita,
Pois a dela é passageira
E a tua é infinita.
Eu te amo e tu me amas,
Qual dos dois será mais firme?
Eu como o sol a buscar-te,
Tu como a sombra a fugir-me.
A semente do amor está
Dentro em cada coração,
Só precisamos regá-la
Com carinho e devoção.
Procurar honra hoje em dia
É buscar sal na areia,
Água doce na maré
E inocência na cadeia.
Eu caí, você sorriu
E não viu o mal que fez,
Sem saber que amanhã
Pode ser a sua vez.
Como eu anseio tê-la
Bem junto de mim, querida,
E te dar o meu amor,
O resto de minha vida.
Dessa tua boca quente
Quero sentir o sabor
E mergulhar em teu ser,
Depois morrer de amor.
Um é pouco, dois é bom,
Três ruim, quatro, demais:
Quem à noite fica em casa
Boa romaria faz.
Uma poesia sem rima,
É casamento sem festa,
Orquestra desafinada
Que o que toca não presta.
Em todo caminho aberto,
Brasileiro põe atalhos;
Nossa Constituição
Virou colcha de retalhos.
Este rifão é antigo,
Mas é uma verdade pura:
Todo bem se acaba cedo
Porém o mal sempre dura.
Se o amor é soberano,
A honra é uma coroa;
Portanto o amor sem honra
É como um barco sem proa.
Apesar do meu respeito,
Nossa Constituição
Ao grande dá direito,
Ao pequeno, obrigação.
Quem mais alto quer subir
Para nas nuvens chegar,
As estrelas ficam rindo
Do tombo que vai levar.
Quem inventou a partida
Não sabe o que é o amor;
Quem parte, parte sem vida,
Quem fica, morre de dor.
Triste é a vida de quem
Tem um amor desleal:
Se um dia passa bem,
Quatro ou cinco passa mal.
No Banco da Eternidade
Achei um aviso assim:
Perseverança no bem
Dá dividendos sem fim.
Conceito sobre o amor,
Tenho um bonito e nobre:
Com amor o pobre é rico,
Sem amor o rico é pobre.
Cortando a raiz da árvore
Ela ligeiro emurchece,
Da mesma forma é a honra,
Ferida, o dono entristece.
Fiz na vida meu escudo
Desta verdade sagrada:
O pouco com Deus é tudo,
O tudo sem Deus é nada.
Passei a noite acordado
vagando à toa na rua;
Só de pensar em você
Vivo no mundo da lua.
Antes que seja tarde
Desperte o seu coração!
Venha se unir a mim,
Escute a voz da razão!
Senti o corpo febril,
Logo descobri por quê;
A doença que eu tenho
É saudade de você.
Anoiteço e amanheço
Com você no pensamento;
Se pra você é prazer,
Para mim é sofrimento.
Quando te vejo sorrindo
Sinto o coração chorando;
Não é dor, é que ele fica
Em amor se afogando.
Apalpei no lado esquerdo
Não senti o coração,
De repente me lembrei
Que estava na tua mão.
Por me ver silencioso
Não pense que estou contente;
Nem sempre sente quem fala,
Nem sempre fala quem sente.
Sobrancelhas como as tuas
É muito difícil tê-las;
São laços de fitas pretas
Que prendem duas estrelas.
O punhal e a saudade
Foram feitos para matar;
O punhal mata ligeiro,
A saudade, devagar.
A alma pra envelhecer
Não precisa muita idade;
Basta amar quem não lhe ama
E viver de uma saudade.
Das cartas das namoradas
Eu fiz um grande balão,
Com o peso das mentiras
Depressa caiu no chão.
Quando escuto a tua voz,
Quando vejo o teu sorriso
É que sinto o quanto é fácil
De se perder o juízo.
Eu quero ver o meu sonho
De amor correspondido
Pois só assim com amor
A vida terá sentido.
Eu vivo só, em meu lar,
Preso num mundo de dor;
Sem afago, sem carinho,
Sem carícia e sem amor.
Vamos viver nossa vida
Num abraço aconchegante;
Nossos corpos abraçados
Num amor forte e vibrante.
Deito e não posso dormir,
Fico rolando na cama;
Pensando só em você,
Meu coração te reclama.
Que tudo passa na terra
Já ouvi alguém falar,
Só não passa essa incerteza
De que você vai me amar.
Nunca te dei um abraço,
Nunca apertei tua mão,
Mas tu ficaste morando
Dentro do meu coração.
Seu corpo é uma escultura
Feita pela natureza
E os seus olhos castanhos
Completam sua beleza.
Eu vendo você de perto
Quis falar mas não falei;
Vendo a sua formosura
– É uma santa! – pensei.
(Poeta) Zé Bezerra (José Bezerra de Carvalho) IN: Quadras e Trovas Populares (Autores Piauienses), / Joaquim Mendes Sobrinho (Joames) – Teresina: Gráfica e Editora Rima / 2007. Páginas 90 a 100 (106p.).
Zé Bezerra