OLHOS DE BREU

As cegueiras da noite

escondem em mim

suas bengalas invisíveis,

me convidam a percorrer

labirintos,

vazios de luz,

onde a solidão

se perde

ao soltar a mão

que a conduz.

Suas noturnidades

escrevem

escuras letras

em linhas ocultas

na orfandade dos olhos,

no braile dos analfabetos dedos,

que não leem a textura da escuridão.

Não adianta mais

tatear nas sombras,

amamentar nas silhuetas

de secas tetas.

O pior cego

abandonou a alma

em alguma opacidade

da visão

desaluarada,

no breu da estrela apagada,

na lágrima que se fez enxurrada,

e depois se desfez

na evaporação da madrugada.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 22/10/2021
Código do texto: T7369453
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