OLHOS DE BREU
As cegueiras da noite
escondem em mim
suas bengalas invisíveis,
me convidam a percorrer
labirintos,
vazios de luz,
onde a solidão
se perde
ao soltar a mão
que a conduz.
Suas noturnidades
escrevem
escuras letras
em linhas ocultas
na orfandade dos olhos,
no braile dos analfabetos dedos,
que não leem a textura da escuridão.
Não adianta mais
tatear nas sombras,
amamentar nas silhuetas
de secas tetas.
O pior cego
abandonou a alma
em alguma opacidade
da visão
desaluarada,
no breu da estrela apagada,
na lágrima que se fez enxurrada,
e depois se desfez
na evaporação da madrugada.