A FERIDA DA ROCA
A FERIDA DA ROCA
O sótão está tão escuro,
E o breu me oculta a visão,
Mas é noite pra todo anuro,
Que se esconde no porão.
Só eu sei o lodo que escuto,
Nos esgotos da vã traição,
Pois vivi para ver o seu fuso,
E a roca ferindo minha mão.
Se eu dormi por mil anos,
Eu nem sei qual foi a razão,
Pois o chefe viveu no engano,
E sangrou o meu bom coração.
Cada peça de uma engrenagem,
Funciona com azeite na mão,
E algumas não são carenagem,
Mas a alma, com raia e o cão.
São com armas que a morte atua,
Pois o amor quer paz e perdão,
E o diabo é a verdade tão crua,
Se a verdade é minha opinião.
Não há lei permanente que sirva,
Para um rei sempre ter a razão,
Porque o suco é a fruta colhida,
Mas só vem na incerta estação.
Alguém pensa que todo janeiro,
Se inicia em meio ao verão,
Mas esquece que o dia primeiro,
É um invento do homo nação.
E assim temos dois hemisférios,
E o calor, com o frio, tem normas,
Mas o homem que fala impropérios,
Não come o mingau pelas bordas.
Ele faz que nem guloso na fome,
Ou naquela viagem ao deserto,
Se empanturra com o que come,
Ou morre sem água por perto.
E assim sofre junto com o povo,
Pelas mãos de toda ganância,
Mas um dia a cereja do bolo,
Não terá a mesma importância.
A FERIDA DA ROCA
O sótão está tão escuro,
E o breu me oculta a visão,
Mas é noite pra todo anuro,
Que se esconde no porão.
Só eu sei o lodo que escuto,
Nos esgotos da vã traição,
Pois vivi para ver o seu fuso,
E a roca ferindo minha mão.
Se eu dormi por mil anos,
Eu nem sei qual foi a razão,
Pois o chefe viveu no engano,
E sangrou o meu bom coração.
Cada peça de uma engrenagem,
Funciona com azeite na mão,
E algumas não são carenagem,
Mas a alma, com raia e o cão.
São com armas que a morte atua,
Pois o amor quer paz e perdão,
E o diabo é a verdade tão crua,
Se a verdade é minha opinião.
Não há lei permanente que sirva,
Para um rei sempre ter a razão,
Porque o suco é a fruta colhida,
Mas só vem na incerta estação.
Alguém pensa que todo janeiro,
Se inicia em meio ao verão,
Mas esquece que o dia primeiro,
É um invento do homo nação.
E assim temos dois hemisférios,
E o calor, com o frio, tem normas,
Mas o homem que fala impropérios,
Não come o mingau pelas bordas.
Ele faz que nem guloso na fome,
Ou naquela viagem ao deserto,
Se empanturra com o que come,
Ou morre sem água por perto.
E assim sofre junto com o povo,
Pelas mãos de toda ganância,
Mas um dia a cereja do bolo,
Não terá a mesma importância.