INCURSÕES
É preciso seguir o curso
que nos leva a algum lugar
que escorre nas
lágrimas, suores
a saliva dos gritos libertos,
a seiva dos corpos descobertos,
o sangue das batalhas
que ainda vamos travar.
A margem que demarca o luar,
passos que nos fazem cair,
— e levantar —
no andar feito
do leito de dormir,
no andar feito
da pedra do tropeçar.
O curso
é o curso
onde aprendemos
o caminhar,
para ir existir;
sombra
profunda
barafunda,
na barra do rio,
correndo erradio
sobra fecunda
do caos,
dos cacos,
nos laços,
braços do mar.
O curso é tudo
que nos convém imaginar:
da vida que corre de vagar
e vaga velozmente
no tempo que não
sabe esperar.
No fim de tudo
os cursos
são luzes nos túneis,
inquietos vagalumes
a nos guiar
a qualquer lugar
que o sonho se deixa
levar.