TEMPO DE IR
Me despeço
de todas as coisas
que nunca foram:
fizeram parte daquilo que fui.
Da terra que pisei
elas estavam lá,
infatigáveis,
a dançarem
a valsa dos grilhões
sobre mim.
Me aprisionaram
em invisibilidades
que só os meus olhos viram,
meu coração se calou
para as lágrimas
se desfiarem em litanias.
Um dia,
finalmente,
as deixei ir embora
suavemente,
como quem
não pede passagem,
não cede à pesagem
não perde a paisagem.
Experimetei-me
na buliçosa liberdade
das ausências vãs,
nas presenças sãs ...
E me senti
extasiadamente
em companhia
do meu verso solitário,
de rimas simples,
quase sempre pobres,
mas,
afortunadamente,
feliz.