CICLO VICIOSO
De mim sou as fugas
na noite adormecida
em silêncios,
na fria ardência
do teu incêndio
fugaz,
feito fumaça
fuligem do vento,
sagaz.
Somos cinzas
de cremações,
de comoções,
e de começos.
De ti
sou as capturas,
as algemas,
de mãos atadas,
asas roubadas
das falenas.
Firulas do tempo,
das desventuras,
dos fonemas vazios,
das cartas rasgadas,
telefonemas erradios
arrependimentos tardios,
cartas coladas,
vozes resgatadas
em ligações
nas madrugadas.
De nós somos a tentativa
a única, última alternativa,
porque sem elas,
não somos tudo,
nós somos nada.