CARMA
A seca tudo flagela
sob o sol inclemente,
no ar árido,
no chão áspero
de uma chuva ausente.
Um dia,
o sertanejo clamou
aos céus
gotas de misericórdia,
uma saliva das águas.
O senhor do tempo
consultou o sol:
este mostrou-se cruel;
confabulou com o solo:
esse esbanjou-se em soberba
foi ter com o ar:
aquele estava tão seco.
Ao pobre homem
de rugas cheias
e rogos vazios,
o seu destino estava
fadado,
fardado
pela desesperança:
Do sol,
faltou a providencial
humanidade;
Do solo,
não vingou a desejada
humildade;
E no ar, sobretudo,
não se viu, sequer,
um resquício da urgente
umidade.