DOS SEDENTARISMOS DA ALMA
Não demos aquele beijo,
deixamos de nos enlaçar pelo abraço.
A palavra
tão necessária,
foi amordaçada,
e quando o silêncio
era para ser dito,
o verbo,
imprevidente,
inconveniente,
se fez presente.
Desviamos os olhos
de famélicos olhares,
que procuravam apenas
o alimento de um mero sorriso.
Apressamos os passos,
ampliamos
as lonjuras,
quando a felicidade pedia para
encurtamos
a distância
das nossas
mãos,
para outras
mais.
Cultivamos mudas
de ofensas,
sufocamos sementes
de perdão.
Enchemos de desesperança
nossos sonhos,
e esvaziamos os alheios ...
Não vivemos!
Só acumulamos anos ...
desenganos,
e com eles corremos
nas praças solitárias
de folhas mortas
e bancos frios
com os arrependimentos,
indo desesperadamente
cuidar das formas dos corpos
em vazias academias,
cheias de gente vazia,
enquanto nossa alma
em sua agonia,
padece,
dia a dia,
da obesidade
pela falta do exercício
do amar.