TERRA MUDA (necessárias transformações)

Há no

refúgio do silêncio,

o abrigo contra a palavra vazia.

Imprevidente

arquiteta de arrependimentos.

Do terreno

fecundo da paz,

há de se colher nas flores

de pétalas caladas

o perfume da sabedoria,

sem alardes

nem tempestades,

apenas a brisa

calma,

desprovida de espinhos

ruidosos.

Nesse jardim,

a temperança é o adubo,

o simples observar da semente

deixando seguir seu curso

do florescer

sem manejos sonoros,

só os arpejos canoros

dos pássaros

do amanhecer.

E quando menos se espera

contemplaremos os filhos do silêncio,

esverdeadamente belos,

criados à sombra

do que não precisou ser dito,

quando não havia nada mesmo a se dizer.

No útero sagrado da terra,

bulícios não penetram,

apenas se plantam as palavras recolhidas, ...

e mudas.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 01/10/2021
Código do texto: T7354625
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