TERRA MUDA (necessárias transformações)
Há no
refúgio do silêncio,
o abrigo contra a palavra vazia.
Imprevidente
arquiteta de arrependimentos.
Do terreno
fecundo da paz,
há de se colher nas flores
de pétalas caladas
o perfume da sabedoria,
sem alardes
nem tempestades,
apenas a brisa
calma,
desprovida de espinhos
ruidosos.
Nesse jardim,
a temperança é o adubo,
o simples observar da semente
deixando seguir seu curso
do florescer
sem manejos sonoros,
só os arpejos canoros
dos pássaros
do amanhecer.
E quando menos se espera
contemplaremos os filhos do silêncio,
esverdeadamente belos,
criados à sombra
do que não precisou ser dito,
quando não havia nada mesmo a se dizer.
No útero sagrado da terra,
bulícios não penetram,
apenas se plantam as palavras recolhidas, ...
e mudas.