360 GRAUS

Quando tu fores embora,

deixa um pouco de ti

na seiva da lua

para as noites insones.

Eu te sentirei

na brisa das constelações,

em todo o brilho

que cada estrela cadente

derramar sobre

os olhos da minha saudade.

Permita-me acalentar

sonhos perfumados

nas pétalas

que o vento

desfolhar do teu adeus.

Eu estarei aqui

em penitência,

vigiando-me em esperanças,

vagando-me em esperas.

Mas se o bálsamo

da tua fugidia presença

estiver impregnado

nos dedos da despedida,

poderei ainda assim

tocá-la, invísivel,

na lembrança,

tangenciado

as curvas do teu abandono

com algum laivo de ilusão,

nas retas,

nos arcos da

circunferência

que faz girar o mundo,

— o nosso mundo —

e me faz acreditar

que um dia

em cada volta

que tu deres

poderás, em alguma delas,

retornar ao ponto

onde tudo

em nós começou.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 01/10/2021
Código do texto: T7354620
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