DOS INVENTOS DOS VENTOS
Há qualquer coisa silenciosa
no abrir e fechar dos ventos.
Os furacões não querem me dizer,
as brisas calam-se,
as dermes recolhem-se em segredos,
e guardam para si as carícias invisíveis.
As desconfianças me guiam
para suas correntes:
busca do beijo ensolarado
das manhãs acaloradas,
tepidez do toque das tardes moribundas,
o abraço frio das noites
desagasalhadas.
Das janelas de algum redemoinho
observo esse seu balé:
a sabedoria de quem
tem nas eólicas ondas
a chave
do fluxo
e do refluxo
do que está
por vir,
e do reflexo
do que esta vinda
virá por.
Nesse ínterim,
tento obter
confidências dos pássaros,
investigo as borboletas,
espiono as abelhas,
as folhas que levitam por aí.
Todos eles,
já têm a resposta:
em suas mãos,
ou nas mãos do vento,
são uma só asa,
uma mesma ventania,
uma admirável e desejada dança da
liberdade,
que o seu sopro há de inventar para mim.