DOS INVENTOS DOS VENTOS

Há qualquer coisa silenciosa

no abrir e fechar dos ventos.

Os furacões não querem me dizer,

as brisas calam-se,

as dermes recolhem-se em segredos,

e guardam para si as carícias invisíveis.

As desconfianças me guiam

para suas correntes:

busca do beijo ensolarado

das manhãs acaloradas,

tepidez do toque das tardes moribundas,

o abraço frio das noites

desagasalhadas.

Das janelas de algum redemoinho

observo esse seu balé:

a sabedoria de quem

tem nas eólicas ondas

a chave

do fluxo

e do refluxo

do que está

por vir,

e do reflexo

do que esta vinda

virá por.

Nesse ínterim,

tento obter

confidências dos pássaros,

investigo as borboletas,

espiono as abelhas,

as folhas que levitam por aí.

Todos eles,

já têm a resposta:

em suas mãos,

ou nas mãos do vento,

são uma só asa,

uma mesma ventania,

uma admirável e desejada dança da

liberdade,

que o seu sopro há de inventar para mim.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 27/09/2021
Código do texto: T7351434
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