DESABITADO
Em mim
há muitas habitações,
nos hábitos,
nos hálitos,
de uma moradia
dividida
na
dívida,
na
dádiva,
na
dúvida
da vida
desavisada,
não divisada.
E das habitações
eu me fundo,
e, perplexo,
num segundo
me confundo
com as fundações.
E como não há
nada que me impeça
ou quem me peça,
acabo ao cabo
do desvairio profundo
me tornando
neste mundo
peça das fundições.
Em mim,
há tantas habitações
que me esqueço e tardo
onde devo morar,
e desse olvidar
o tempo cobra o demorar
e me torno desabrigado,
desobrigado
de esperar,
um beduíno
no deserto erradio,
um inquilino
desse meu vazio.