ANDARILHO

Já nem sei

por quantas estações passei,

perambulei em cada composição

dos passos,

no vai-e-vem

dos trens,

vaguei nos mares,

nas vagas, mergulhei

viajei nos vagões,

nos porões,

nos salões,

nas marés

me achei,

nas gares

das estradas

de ferro,

de terra,

das farras,

das serras,

indo e vindo,

no fluxo e refluxo

dos bares

me embriaguei,

no influxo

dos olhares,

eu sonhei

no empuxo

dos lugares,

me soltei

nos amores do caminho,

nas flores, nos espinhos

nas dores de ser sozinho

me criei e

cresci

na noite,

no dia,

madrugada fria,

sem uma poesia,

chorei;

no açoite,

me feri,

na agonia

sofri,

na esperança

sorri,

e vivi

uma vida finita

que não se encerra,

apenas anda,

desanda ...

ou emperra.

Foram tantas estações,

tantas primaveras!

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 22/09/2021
Código do texto: T7348416
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