EMBRIAGUEZ
Te sinto
de uma forma
inexplicavelmente intangível,
apalpando tuas luzes
na escuridão reveladora do teu corpo,
te descobrindo inteira
em cada uma das tuas invisibilidades.
Não preciso dos olhos,
... nem do tato.
Do paladar
guardo o sabor do sal
do teu naufrágio,
onde mergulhei em ti
em todos os teus pélagos.
Não ouço o teu verbo,
mas exercito
a plenitude da tua gramática
em todas as flexões.
Teu cheiro dissipou-se
numa fragrância inodora
que a tua tez tatuou
nos olfatos da minha'lma.
E como não poderei te possuir nas tuas compleições amorfas,
me aproprio de ti
da maneira mais infinita
que posso me permitir:
em versos e sonhos
e na terapêutica
de uma garrafa de vinho.