AS CHUVAS E AS LÁGRIMAS DE CADA DIA

Tem dias que espero que ela venha,

em outros sóis, desejo nunca encontrá-la

Chamo-a pelo vento,

mas a repilo nas calmarias

descalço,

me desfaço

das amarras,

talvez quisesse ser raiz

a aguardá-la

na avidez,

na aridez

que tua ausência provoca.

Não sei se me lanço

em seus braços molhados,

ou me encastelo nas vidraças,

e a espero despedaçar-se

diante dos meus olhos

em lágrimas que escorrem

na face vítrea da minha reclusão.

Talvez seja melhor

banhar-me em leito seco,

já estou mesmo desidratado

pelas ressecadas horas

de tantas partidas.

Quem sabe, porém,

em algum laivo

de necessárias ilusões

eu a espere na varanda,

numa nostálgica ciranda,

ou em uma noite cigana,

nas calendas de uma lua nova,

e vá com ela

irrigar algum coração,

inundar-me de sonhos

ou de tempestades...

Essas brisas

que ficaram

já são outras,

e as águas,

as mágoas

também!

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 19/09/2021
Reeditado em 19/09/2021
Código do texto: T7345478
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.