SOU QUERER, MAS ACEITO!

SOU QUERER, MAS ACEITO!

Vivo os dias buscando por algo,
Num querer que nunca tem fim,
Sendo o acento daquilo que falo,
Até mesmo se não digo sim.

Na procura sou um fogo fátuo,
Quando a vida me queima o dedal,
E meu tato requer o distrato,
Dos acordos de ser animal.

Vejo os dias mirando as estrelas,
Se os rastros sucumbem no cais,
Pois o mundo só tem labaredas,
Que soluçam em meus animais.

No cordel que aflora meus signos,
O meu touro é dragão imortal,
Ou em peixes me torno indigno,
Ao que digo no canto ou quintal.

A madeira que deixo boiando,
Me implora por chão e raiz,
Não apenas cupim navegando,
Pois fogueira não sabe o que diz.

As palavras que saem do fogo,
Se espalham sem meu chafariz,
E consomem a mata no roubo,
Porque pilham como a meretriz.

Devo ser, mas sou mero querer,
Se o prazer da luxúria seduz,
Mas aceito que nunca vou ter,
Pois incerta é a vida sem luz.

Na inveja padece meu ser,
Se um algoz simboliza tortura,
E o poeta vai sempre dizer,
Que na vida há dor e amargura.

E as surpresas de uma videira,
Não são ramas ou uva madura,
Mas sabor de um vinho à beira,
Da lareira no inverno que dura.

Percebendo essa cumplicidade,
Nós devemos tudo enfrentar,
Mas sabendo da pura verdade,
Que um dia serei só luar.

Curtindo o que foram meus dias,
E o Cosmo querendo aceitar,
Serei parte da eterna magia,
Que aceita nos versos viajar.