NOITE

A noite abraçou-me de serena escuridão,

com braços frios, cobertos do calor

de um silêncio inquietante,

ainda mais silente e saliente

que dos seus pares diurnos.

Pôs em mim um colar de estrelas,

da orfandade criada

nos desejos irrealizados

pelas constelações,

convidou-me para contemplar

o vazio terapêutico daquilo

que eu não via,

e precisava tanto ver,

ensinou-me a expectativa

do fruto do amanhã:

selecionou as sementes prósperas do novo sol,

desprezou aquelas estéreis

regadas pelos medos avizinhados.

Ela estava lá...

didaticamente lá,

debulhando-se em profícuos ensinamentos,

divisando os sonhares inócuos dos inspiradores.

Eu que, tolamente, a temia em antanhos,

na cegueira da minha ignorância,

hoje a respeito e a venero

e a procuro avidamente,

como um aluno esforçado,

sedento da sabedoria de suas trevas,

para aplicá-la

no próximo amanhecer,

na carência das minhas luzes

que anseiam por brilhar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 11/09/2021
Reeditado em 11/09/2021
Código do texto: T7339938
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