SEDUÇÃO
Eu sei que em ti
revela-se todas as coisas,
nos confessionários da alma,
ávida para rasgar-se,
em inconfidências.
Descortina-se
em desejos insepultos,
na ressureição da carne,
guardada para noite ardente
que ainda está por vir,
em polvorosas manifestações
do teu corpo.
Colcha que encobre teu tesouro,
concha que se descobre em pérola,
sagrada e profana no brilho oferecido aos meus olhos sedentos
que clareia e ofusca
minhas visões turvas e diáfanas,
e que me encanta
na virtude e no pecado,
no leito que escolheres para me possuir.
És tu a divindade do prazer,
e eu sou apenas
um aprendiz de sedutor,
buscando no verso inquieto
um jeito qualquer de profanar-te
em toques e rimas,
em beijos e métricas,
e tudo mais que
os meus sonhos mais secretos
podem me fazer acreditar.