ÂNSIA
Queria invadir tua alma,
e expulsar dos teus porões
os fantasmas que te assombram,
sentir teu perfume de lavanda,
guardado para quando aquele amor chegar
Poder mergulhar nos teus olhos
e boiar nos teus desejos mais secretos.
Brincar com teus devaneios
e convidá-los para se juntarem aos meios.
Talvez eu pudesse sequestrar alguns dos teus sonhos,
e me exigir como resgate.
Quem sabe
eu pudesse me perder em algumas de tuas curvas: as sinuosas e, principalmente, as insinuantes,
e me derrapar na seiva de algum beijo,
e me deparar com a relva do teu regaço.
Se tudo ainda
for pouco para o exigente destino,
quem sabe possa perssuadi-lo
com algum verso rouco,
adormecido no fundo da gaveta
do amor reprimido,
pois da poesia não se há de negar
uma esperança
ou pelo menos uns resquícios
de ilusão.