ESPERA
Eu consumi toda a espera,
que se desperdiçou no vazio
da hora que vaga,
do vento vão que vai
se despedir do movimento
do leito seco do rio.
O que se disse no silêncio
foi a palavra baldia,
perdida na hora que traga
a noite e o dia,
a minha terra,
e o desejo que o agora me traga
um sonho, a poesia
maior do que aquilo que ora
se encerra.
O tempo não espera,
nem o nada,
nem o tudo,
ficou mudo,
não me convence
nem com verso,
nem conversa,
apenas se desespera,
asfixiado pela atmosfera
dessa espera
que não mais me pertence.