NADA MAIS

Quando tudo

se vestiu de inexistência,

eu estava lá,

naquele silêncio revelador,

na orfandade das palavras,

decapitando o verbo da boca,

esvaziando-se em esperas,

evadindo-me das dores,

vadiando-me de amores vãos,

que vão,

pacientemente,

na mudez da língua que não fala,

apenas se cala e se cola no beijo

conservado no formol de uma esperança.

Depois,

ao amadurecer-se a saudade,

colhi as ausências

no vazio que se agigantava,

e ofereci meus sonhos,

minha alma cansada,

meu desejo desbotado

para nos reconstruirmos

à guisa do que

o seu amor conseguiu evitar

e o meu pode se iludir.

E da inexistência,

fez-se a nossa penitência...

E nada mais.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 15/08/2021
Código do texto: T7321028
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