SÚPLICA
Hei de desaperceber-me sem o seu amor,
despercebido pela ventura,
despossuído de sonhos,
em meio a escombros
dos meus desassombros.
Hoje, sem ti,
acordei sem mim,
buscando-me, inútil,
no meio de toda ausência,
recolhendo os vazios da saudade,
sobre as esperanças tão fragilizadas
pelos açoites do abandono.
Nem a resignação
veio me fazer companhia,
apenas a dor
com seus matizes de sofrimento.
Entre os estilhaços,
rogo, exausto,
uma prece
suplicando um novo amor,
mais refratário
aos impulsos de uma partida,
no tempo suficiente
para acalentar uma ilusão
que valha toda a espera,
ou outra despedida.