ALMA DE VENTO (Anímica Eólica)
O que teria eu a ofertar ao vento
no deslocamento que ele faz?
Poderia oferecer-lhe
o som do tempo,
que ecoa a todo o momento
no movimento da vida
que o próprio vento traz?
Ou dar-lhe-ia algum silêncio
roubado da boca dos sábios
tirado da mudez dos lábios,
no movimento que ele mesmo
deixa para trás?
Entre sopros e ecos,
partidas e regressos,
deixo-lhe o que me é
mais caro.
Na esperança de que ele a conduza
levemente na brisa das manhãs,
bravamente pelos furacões,
nas virações desse mar,
nas vibrações das ondas
que levam e trazem
meu eterno desejo de voar.