O MUNDO SEM LUZ

O MUNDO SEM LUZ

Há dias em que não acordo,
Mas quero ainda sonhar,
Pois tenho visões do rebordo,
No disco de leite a surtar.

Eu vejo a miríade de estrelas,
E aquele reflexo no mar,
Que pulsa o evento de sê-las,
Enquanto essa terra girar.

Mas a Via Láctea é a casa,
Que Deus nos deixou pra zelar,
Enquanto o Sol for de brasa,
Vertendo a cor de se amar.

Então, vejo as bolhas pocando,
E tudo no claro em que sonho,
Mas ainda continuo surfando,
Num líquido mar tão medonho.

Somente percebo os perfumes,
Que dizem estar nas caixolas,
Pois lá é guardado os ciúmes,
De almas com outras bitolas.

Foi nesse clamor do Universo,
Que ainda vejo a gramatura,
Pra ser asteróide ou conexo,
Se o verso me vem in natura.

Mas penso o mundo sem luz,
No oculto que aguarda o dia,
Pois luz nos retrata e seduz,
Nas crises da nossa poesia.