OLHOS DE MAR

OLHOS DE MAR

Meu choro é tão complacente,
Como lágrimas em olhos de mar,
Ou no hímen de uma paciente,
Que aguarda a parteira chegar.

Sendo o colo que nina o poeta,
Que navega com botos no ar,
E chacoalha na onda que enceta,
A furar os olhos do hangar.

Mas aquele avião só planava,
Por esquecer o rotor pra ligar,
E a rampa do pier exaltava,
O navio sem o lobo do mar.

E enquanto o mistério abraça,
Há um leme na mão do fantasma,
Sem bombordo por falta de taça,
Pois na praça o vinho não tá.

Foi então que sorvi o meu gole,
Envolto em cicuta e sem caviar,
Pois há veneno no mel do esnobe,
Que vem na garupa a me judiar.

E foi nesse galope centauro,
Que me vi num cavalo a surfar,
Esquecendo que fui minotauro,
Para além das salas de estar.