OCEÂNICA
"Morena, dos olhos d'água
Tira os seus olhos do mar
Vem ver, que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar
O seu homem foi embora,
Prometendo voltar já
Mas as ondas não tem hora, morena
De partir ou de voltar."
Fragmentos de
"Morena dos olhos d'água"
Chico Buarque de Holanda
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OCEÂNICA
Há de se fazer do mar
o que se faz de regresso,
nas ondas,
nas vagas horas da despedida.
A espera da maré,
no fluxo e refluxo
da indigesta partida
que gesta o tempo
na fresta do vento
que traz de volta
sob o sol,
sob o sal
as águas que conduzem
a saudade para os braços
do reencontro.
Da líquida imensidão
se retiram
os sonhos, os presságios,
À noite,
os olhos
se retiram
para as retinas
de um novo amanhã,
Para ver, novamente,
pelas lentes da esperança,
o sonhado retorno,
no entorno desse mar
no contorno desse esperar
que o oceano acalenta
em cada embarcação
que ele permite aportar.