TARDANÇA

Já é tarde!

E de tão tarde,

perdi o adiantado da hora,

não vi o resguardo do tempo,

o retardo de fazer mais

do que uma ida sem volta

de momentos e movimentos.

Cheguei depois da partida,

só pude presenciar a despedida

do que, talvez,

fosse o abandono

dos seus relógios,

ou o desapego

dos meus ócios.

O despertar, agora, é vazio,

corre, erradio,

em busca doutro instante

menos baldio,

nem tão árido,

e nem tão rio.

Já é tarde!

Tão tarde.

Os sonhos pereceram

no próprio atraso,

no seu desvalor,

e da negligência,

do seu descaso

perdeu a viagem,

não mais alcançou

a sua existência,

nem a do sonhador.

Paciência!

Talvez precise de um outro tempo,

ou de um adiantamento

de uma próxima vida,

para que eu tenha

uma nova chance de sonhar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 02/07/2021
Código do texto: T7291146
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