INFINITA
Tu foste infinita
até nos momentos efêmeros,
quando me ofertavas eternidades
nos sonhos tíbios que eu acalentava.
Teu sorriso subjugava o tempo
que deixava, indulgente,
sua alegria perdurar em mim
nos instantes das
minhas inquietas contemplações.
Tua beleza
convidava-me a transgredir
a percepção da finitude.
Teu beijo, invisível,
eu cultivava em imaginários desejos,
com olhos fechados,
boca entreaberta,
coração escancarado de ingênuas esperanças.
Tudo em ti
era incabível, inacabado,
de uma graça
arquitetônica:
nas formas mais
harmônicas
de me apaixonar.
E foste seguindo,
sem saber,
semeando-se em silêncios,
no solo que minha'lma
adubava nas noites insones.
Nenhuma palavra,
nenhum só gesto,
apenas a ilusão
de que um dia,
por um ínfimo segundo,
eu a pudesse ter
eternamente,
como só os poetas
sabem ter.