APENAS SONHOS
Do alto do mundo
meus sonhos esgueiram-se
nas névoas da imensidão.
Contemplam o porvir
com olhos arregalados,
na opacidade do agora,
uma órfã embarcação
a procura de um farol a guiar
entre desafiadores amanhãs.
Quem sou eu
que subo nos ombros
das montanhas
e escalo suas franjas
para cravar esse sonhar
no ápice do futuro?
Eu vejo tudo o que há
e não percebo a presença
do destino a entrelaçar-me
as mãos
numa dança sem par.
Sozinho estou
cercado por uma multidão
de "eus",
ávidos
a procura de um "nós",
para desatar outros nós
havidos
no passado tão presente.
Do alto do mundo
meus sonhos
assumem a dimensão
do que são:
grandes sonhos,
que de tão grandes não cabem
mais em nenhuma realidade,
e peregrinam em escaladas
infinitas
a mundo imaginários,
para o alto daquilo
que nunca vai ser.