UM GOLE, UM TRAGO

UM GOLE, UM TRAGO

Às vezes acordo,
E depois de desperto,
Eu abro meus olhos,
Para tudo julgar.

Nem sempre valoro,
O que está por perto,
Nem unto com óleo,
Meu corpo a suar.

Então, sobre o colo,
E a toalha do bar,
Derrubo o meu gole,
Sem mais me lembrar.

Por isso, o aconchego,
Não guarda a cachaça,
Ou torresmo que nego,
Ao pedinte a passar.

E assim, minha amada,
Vão os meus episódios,
Pela alcova ilustrada,
Que não era um lugar.

Nessas velhas cidades,
Onde andei em tropeços,
Foram minhas verdades,
Que perdi sem guardar.

Pois lembrar juventude,
Cobra rever a infância,
Discernindo atitudes,
Que me fez melindrar.

E assim coube um trago,
Que sorvi de esperança,
E esquecer todo estrago,
Do sofrer sem sonhar.