PRESENTE
O mundo é vasto e sob meu sapato se reduz a nada.
Mas eu sou culpada.
Cai em meus ombros o peso ignorado,
Como se a cruz estivesse em vaga arrumada.
Mas eu sou culpada.
Eu sou o você que não sabe o que escolhe ou diz
E que se contradiz ao estar feliz.
A tarde cai seca e inundada.
E eu sou culpada.
Hei de rezar para não saber o dia, a hora,
A ferida torcida no lavar fingido
De quem manda, comanda e desgoverna,
De quem vocifera o destino
Desses meninos e meninas
Que ouvem o canto tonto da sereia,
Que aponta o torto desvio,
Que encanta em direção ao abismo,
Que hoje cismo ser o ideal
De quem sempre procura o bem
E abraça o mal.