PRESENTE

O mundo é vasto e sob meu sapato se reduz a nada.

Mas eu sou culpada.

Cai em meus ombros o peso ignorado,

Como se a cruz estivesse em vaga arrumada.

Mas eu sou culpada.

Eu sou o você que não sabe o que escolhe ou diz

E que se contradiz ao estar feliz.

A tarde cai seca e inundada.

E eu sou culpada.

Hei de rezar para não saber o dia, a hora,

A ferida torcida no lavar fingido

De quem manda, comanda e desgoverna,

De quem vocifera o destino

Desses meninos e meninas

Que ouvem o canto tonto da sereia,

Que aponta o torto desvio,

Que encanta em direção ao abismo,

Que hoje cismo ser o ideal

De quem sempre procura o bem

E abraça o mal.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 01/06/2021
Reeditado em 23/07/2021
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