À ESPERA DO SOL

O poema caminha

pela cidade triste

- imerso em medo e solidão -

cidade, quase vazia,

mergulhada numa noite

sem lua ou estrelas,

que jamais foi convidada.

O poema observa

as raras pessoas passantes

- todas elas sobreviventes -

escondidas do vento frio,

dentro de seus casacos antiquados,

à espera do sol,

que não se sabe se virá com o novo dia.

O poema é um estranho viajante,

por estradas mambembes

e inimagináveis

- inesperados caminhos da vida -

todos os sentidos e sentimentos aflorados,

num gotejar constante e insistente

de torneira mal fechada

que nos tira o sono e a calma.

O poema desiludido

sem rumo ou certezas

desfalece e voa

ultrapassando as fronteiras

do entendimento corriqueiro:

- ébrio que sonha

escondido

como se sóbrio estivesse...

- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador de Poesias -