EFÊMERO

Não me lembro mais das noites efêmeras

de sol.

Olhava seu pálido sorriso

pintado com pontas de estrelas,

num brilho desbotado

em lágrimas de saudade.

Não mais via na cama da lua

o sol,

e, nisso, acustumei-me a deitar

só.

Breve fora a sua presença

que tão efêmera,

fez de enferma

a minha debilitada crença.

A noite já

não traz compíscua

a relação promíscua

de quem gravita na órbita de quem:

terra, sol e lua.

O sol se fez só;

a lua ficou nua;

e a terra,

ora encerra

no peito do poeta sonhador

um momento

que de tão efêmero

se soltou das mãos tempo

e se deitou no colo do esquecimento.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 29/05/2021
Reeditado em 29/05/2021
Código do texto: T7266949
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