EFÊMERO
Não me lembro mais das noites efêmeras
de sol.
Olhava seu pálido sorriso
pintado com pontas de estrelas,
num brilho desbotado
em lágrimas de saudade.
Não mais via na cama da lua
o sol,
e, nisso, acustumei-me a deitar
só.
Breve fora a sua presença
que tão efêmera,
fez de enferma
a minha debilitada crença.
A noite já
não traz compíscua
a relação promíscua
de quem gravita na órbita de quem:
terra, sol e lua.
O sol se fez só;
a lua ficou nua;
e a terra,
ora encerra
no peito do poeta sonhador
um momento
que de tão efêmero
se soltou das mãos tempo
e se deitou no colo do esquecimento.