INFÂNCIA
Há ainda de existir em mim
o sumo que ficou guardado
na mais remota lembrança.
De um tempo em que relógios
nada valiam,
e marcávamos suas passadas
com pegadas de inocentes e divertidas transgressões.
O amanhã era apenas uma palavra esquecida nas páginas de um dicionário,
o hoje, o agora ...
este, sim, era o advérbio
praticado
em todo tempo que passava
e em todos os passatempos.
Os adultos chamavam
esse tempo de infância,
com ares de autossuficiência,
mas com uma atmosfera inteira de saudades.
Nós, os pequenos proprietários
dessa fatia existencial,
apenas chamávamos de felicidade infinita,
na falta de um adjetivo melhor,
para expressar
todo o seu tamanho.