Poema Pra Espantar Necessidade (ou A Cura Para Aquela Doença)
"É preciso menos amar para se escrever,
muito amor é doença
e, doente, não há poeta que conjugue
um verbo, um adjetivo,
um abraço sequer.
Dos dois, poema ou poeta,
à um apenas pertence a cena:
ao outro cabe o esquecimento
e o esquecer
e um quinhão do alívio
de guardar a paixão na palavra.
Mas se o poeta ama
e o faz sem limites,
dele a poesia escapa,
ela não é assim,
não se entrega...
... o poema tem medo da paixão do poeta.
É preciso não precisar,
já que o que importa é o querer;
há de bastar a vontade
(e não a necessidade)
pra fazer brotar o romance
que o poema vem de enfiada,
chega junto
e bebe da felicidade ingênua
de ser exatamente aquilo que deve ser quando as coisas vierem a acontecer!"