A ÚLTIMA QUE MORRE
Mesmo que tirem a essência da vida,
ficarei com o rescaldo.
E se ainda retirarem os escombros da aparência, ficarei com os retalhos do reflexo.
Se acaso expropiarem o último pão,
permanecerei com as migalhas.
Mas se elas também me forem levadas, caterei o farelo.
E se, não satisfeitos, sequestrarem o que ficou, acharei um único grão
e farei dele a minha melhor semente,
e a plantarei no vazio mais fértil que encontrar:
Com todo meu resquício da refratária esperança,
para que a semeadura
não seja em vão.