Presença

Ao passar pelo portal da vossa cidade

Vi que as árvores se caíam

De um lado e de outro

Querendo tampar

A entrada larga de vosso abrigo coletivo...

Acabara de amanhecer

Mas, ao transpor os tais umbrais

Já a noite caía

E nenhum céu,

Nenhuma estrela quis se por acima de nós...

Havia em vossos bairros

Caminhos tortuosos,

Lagoas e lamas

Esgotos putrefatos

Corpos animais em decomposição...

Muito lixo indicavam vossas casas

E lá dentro uma frouxa luz

Denunciava vossas atividades...

Resolvi segui em linha reta,

Na geodésica que minimizasse o tempo

Convosco...

As portas se fechavam tão só fosse possível

Minha visão,

As portas eram movimentadas celeremente,

Mas antes nossos olhares se fundiam,

Eu via vossos passados,

E agora, mesmo longe,

Na distância e no tempo

Tenho essa causa de sofrimento,

Vossa lembrança,

O raio x de vossa alma,

De voz todos que tentam fechar portas...

Eu passei de modo estático,

O movimento se fez em vosso espaço-tempo

A expulsar quem chegava

Que partia

Que não queria conhecer a composição de vosso lixo,

Vossa alma...

Então, ao chegar no limiar da cidade,

A noite ainda não acabará,

Nem vai acabar

Ainda viverás no escuro

Como se estivesséis em plena chama

E tentarás fechar

Tentarás esconder

Dos dos seres eternos

Vossa confusão...

Eu deixei pelos muros da cidade

Escritos que vos parecerá disformes

Não os entenderão,

Nem sua motivação...

Mas é de pensar,

Se está num idioma que não pode falar,

Outros mundos e seres

Além de cada um de vós

Existem, existirão...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 09/05/2021
Reeditado em 09/05/2021
Código do texto: T7251703
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