EVENTO
Nos dias de maior agitação,
convida a todos para dançar.
Bailado nos braços da ventania,
a carícia na face da vez,
um arrepio em toda tez
cabelos em debandada agonia.
O tempo desfolha-se
na nudez das mangueiras,
papéis em polvorosa relatam
a mudez das suas lixeiras,
neste açodamento
latas entalam nas calçadas
no engarrafamento
das garrafas abandonadas,
enquanto as areias parecem
contar segredos íntimos
às retinas desavisadas.
Tudo é movimento
nas ondas,
nas telas,
nas velas,
nos moinhos,
nas portas
nos portos,
na enseada,
na embarcação
embriagada:
redemoinhos.
E rodopiam
as vidas eolicamente,
ventilando impaciente,
levitando inconsciente,
girando,
movendo,
gritando
como loucas,
com as pás,
com os pés,
com as bocas
do vento.