TODA FUGA

Peço permissão à vida

para sonhar a felicidade,

sem sonhos desbotados de distâncias,

nas lonjuras que apartaram

meu corpo da sua alma.

Nos alquebrados dos desejos

que cederam seu verniz

à pátina do tempo.

Rogo-lhe uma redenção,

ou uma forma mais dissimulada de ilusão,

eficiente no ardil de trazer um falso lume

à opacidade dos olhos cansados.

Apenas solicito

alguns goles de embriaguez,

mas com o efeito perene para toda

a remanescente existência.

Que me faça acreditar ingenuamente

em algo habitável

no interstício da fantasia e da realidade

Com um um traje novo,

que agrade o exigente amanhã

e me faça sentar à sua mesa

para alimentar-me com mais

do que as migalhas oferecidas.

Se possível não for

esse apelo,

o pleito

do peito

repleto

pelo

preço

da dor,

então, dá-me alguma poesia,

destas que subvertem o tempo

e se apoderam do infinito

impossível,

enquanto me for

impassível

a fuga no exercício

do escrever.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 26/04/2021
Código do texto: T7242104
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