A LÁGRIMA E A RESIGNAÇÃO
Que volume tem a lágrima
que deságua no mar da saudade?
Quantas faces percorreu
cada dia da dolorosa ausência,
no tempo que incorreu
entre a partida e a penitência?
De tudo o que se foi
tudo que se fez foz,
de tudo que foi ser,
a tristeza de um ser
que se diluiu
no último rio
estuário dessa existência?
Quantos vezes
escavou os rostos
encravou desgostos
na hora baldia,
na alma,
na lama,
na cama
nua e vazia?
A dor que lhe nega
o sorriso do agora
a vida lhe entrega
a serenidade futura
na dor do peito,
desamparo da hora
que o verbo
conjuga e chora
no vazio do leito,
o tempo se incumbe,
é a sua profissão,
de fazer da perda dura
no meio desse escombro
a sua própria atadura
no costume e no lume
de toda resignação
a esperança do reencontro
em outra dimensão.