A LÁGRIMA E A RESIGNAÇÃO

Que volume tem a lágrima

que deságua no mar da saudade?

Quantas faces percorreu

cada dia da dolorosa ausência,

no tempo que incorreu

entre a partida e a penitência?

De tudo o que se foi

tudo que se fez foz,

de tudo que foi ser,

a tristeza de um ser

que se diluiu

no último rio

estuário dessa existência?

Quantos vezes

escavou os rostos

encravou desgostos

na hora baldia,

na alma,

na lama,

na cama

nua e vazia?

A dor que lhe nega

o sorriso do agora

a vida lhe entrega

a serenidade futura

na dor do peito,

desamparo da hora

que o verbo

conjuga e chora

no vazio do leito,

o tempo se incumbe,

é a sua profissão,

de fazer da perda dura

no meio desse escombro

a sua própria atadura

no costume e no lume

de toda resignação

a esperança do reencontro

em outra dimensão.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 24/04/2021
Código do texto: T7240365
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