O TEMPO E SUAS FANTASIAS

Porque o tempo

se alimenta da sua própria escassez,

ele veste a saudade com a precoce resignação.

Talvez melhor fosse

que emprestasse a si próprio

uma roupa de ilusão,

com botões de espera

e fechos de esperança,

numa dança frenética de possibilidades,

num abrir e fechar

de conquistas inalcançáveis,

de sonhos doloridos por ausências infindas,

mas com um figurino

do tamanho infinito

da teimosia dos poetas:

que se enamoram dos seus versos,

que neles moram

e demoram

a desabotoá-los

na casa

da sua confecção

de trajes e trajetos

nada sérios e formais:

apenas fantasias

e nada mais.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 24/04/2021
Código do texto: T7239804
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