DIVAGAR
Não espero da velocidade
nada mais do que
o distanciamento estéril
de onde eu parti.
Não chegarei mais rápido
colecionando o açodamento.
Destino não se mede no tempo:
se move como folhas ao vento
se conta em sorrisos, fantasias
amores ... em doações, perdões,
sensação do liberto movimento.
Do caminho
levo o perfume das flores,
a sombra das laranjeiras
dos frutos, seus sabores,
a didática das perdas
gramática das pedras,
onde tropeçamos e aprendemos
o valor da queda, do ensinamento.
Me embebedo na certeza
do canto dos pássaros,
na embriaguez de todo momento,
recolho a singela paisagem
que os olhos levarão
e tudo mais nesta passagem
que transborda de leveza
a alma e o coração.
Não quero passos,
apenas asas de voar,
e, sereno, contemplar
o infinito acima do ar.
Deixo como legado
as pegadas dos versos
a intenção de ser guia,
o farol dos marinheiros
que navegam rumo
ao porto seguro do dia
de cada embarcação
nesse mar sem ter fim,
no horizonte dentro mim.