PLATONISMOS
Das formas do amor,
daquelas que o coração fermenta
em pensamentos febris,
em suores noturnos e palpitações,
ainda sigo procurando pelas inalcançáveis,
as incansáveis,
que as melhores palavras poéticas
não conseguem ter nas mãos de seus versos.
Vivem numa penumbra de sonhos,
emaranham-se em teias invisíveis,
aracnídeas devoradoras de efemeridades.
Nutrem-se de desejos inconclusos,
na atmosfera da eterna iminência.
Se vestem de perfeição,
e por isso mesmo são o que são:
uma mística projeção,
um conceito inacabado de divindade.
Divertem-se
com a tentativa vã do amante
ser maior do que
sua capacidade de amar ...
de versejar,
apenas de idealizar
um momento idílico,
incólume no tempo e no espaço,
que se esconde nos infinitos
para que sua essência
nunca tenha fim.