O ANVERSO E O VERSO
Se algum dia receberes da vida
uma folha escrita
com palavras áridas,
pela textura esgarçada
de algum ressentimento,
não devolvas a aridez
com a secura do teu verbo.
Conclamas teu coração,
acreditas do poder de cura
e pintas na outra face desta existência
a maquiagem lírica mais linda
que um rosto de um leitor pode receber.
Assim, estarás dando à folha,
ao remetente e à própria vida
o melhor que puderes ser.
Não pela face aparente da
prosa crua e hostil,
mas pela outra...
Estarás dando à vida
em regresso,
a melhor face de si
a que tatuamos com a tinta da poesia,
pelo anverso e, principalmente,
pelo verso.