GANHOS E PERDAS
A dor e o prazer
se cumpliciam invisíveis,
vontade intensa da presença,
necessária angústia da ausência
no reavivar de novos desejos,
na cíclica convivência
entre o ter e o sonhar.
A esperança se faz
o alimento da saudade.
Como se lamentar a partida
sem aprender
com a didática dos regressos?
No vão que se constrói
na distância da boca e dos olhos
curso da lágrima e do sorriso,
há de prevalecer, imperiosamente,
algo que seja a cicatriz da dor,
quando o amor cair enfermo:
não haverá remédio melhor que o tempo.
O resto será placebo de ilusão.
É este senhor, vestido de amanhãs
que nos aponta
e nos ensina
que o amor precoce
padece do amadurecimento
e o "te amo" tardio agoniza
no leito da prescrição.